A proposta dessa especialização sobre a História dos povos indígenas e do indigenismo na Amazônia tem como principal objetivo capacitar profissionais de todas as áreas que tenham o interesse sobre a temática indígena e oferecer uma formação que permita pensar de maneira mais crítica a situação atual dos povos indígenas da amazônia sem perder de vista a dimensão política da etnicidade.

O curso é composto por 12 disciplinas que se dividem em quatro campos temáticos fundamentais: a dimensão histórica, antropológica, jurídica e educacional. As disciplinas do campo temático da história – História da Política Indigenista no Brasil e na Amazônia; História da educação escolar indígena no Brasil – foram pensadas com o objetivo de debater a cerca da historicidade dos povos ameríndios e os processos sociais que marcaram a experiência de contato dessas populações com o “mundo dos brancos”. Essa dimensão é fundamental para a compreensão da atual situação política dos povos indígenas, sobretudo da Amazônia, pois é necessário discutir os aspectos históricos que implicaram na construção de categorias e representações utilizadas para servir aos interesses do colonizador. Ao longo do processo de conquista tais categorias foram a base dos princípios da legislação e do discurso indigenistas oficial, sendo criadas, moldadas e resignificadas de acordo com as necessidades e os interesses do Estado. Nesse sentido é de fundamental importância discutir, por exemplo, a própria categoria “índio” historicamente construída na medida em que a manipulação de categorias como “índio civilizado” ou “índio misturado” e a própria representação que se tem delas, revela um espaço simbólico de enfrentamentos entre grupos étnicos indígenas e o “mundo dos brancos”, onde o que está em jogo é a conquista e a legitimidade de direitos (sejam territoriais ou identitários). 

A dimensão antropológica do curso pretende oferecer uma introdução aos estudos das culturas dos povos indígenas do Brasil, discutindo os temas clássicos e atuais da etnologia a partir de cinco disciplinas: Introdução à Etnologia Indígena; Rituais, Simbolismo e Performance nas Sociedades Indígenas; Perspectivismo e Cosmologias Indígenas , Cultura material indígena; Identidades Indígenas Ontem e Hoje. Embora haja alguns avanços no que se refere às informações disponíveis hoje sobre os povos indígenas, seja no campo do conhecimento acadêmico, seja em sua difusão pelos meios de comunicação, nas diferentes esferas de governo, na mídia, nas instituições formais de ensino e nos livros didáticos, o quadro de desconhecimento, ignorância e preconceito em relação aos povos indígenas ainda permanece evidente na sociedade brasileira, por isso o estudo mais aprofundado da cultura dessas populações é essencial para a desconstrução de estereótipos cristalizados no imaginário.

No campo jurídico as disciplinas propostas – Diversidade cultural, identidade e direitos humanos; Direito e legislação indigenista – pretendem oferecer um panorama das lutas e conquistas legais que marcaram a história do movimento indígena organizado no Brasil e que representa um avanço significativo no plano da legislação indigenista. Esta dimensão também pretende promover estudos de caso etno-jurídico, apresentando os princípios da filosofia jurídica indígena, pois como aponta Geertz (1998), o Direito, uma das grandes formulações culturais da humanidade, corresponde ao saber local e não a uma definição única, abstrata e supostamente universal, porque se expressa de acordo com a lógica própria de cada sociedade, de modo que aquilo que concebemos como Direito, nós, enquanto ocidentais, é algo bastante diverso do que, por exemplo, os Guarani Mbyá compreendem como prática jurídica.

Finalmente as disciplinas do eixo da educação – Os Povos Indígenas nas Salas de Aula: livros didáticos e temáticas indígenas; Educação Escolar e Autonomia Indígena – pretendem oferecer uma discussão importante sobre o papel da educação escolar no contexto das aldeias. A legislação hoje permite aos indígenas desenvolverem propostas educacionais próprias, que valorizem suas línguas, suas práticas culturais e seus lugares de pertencimento étnico, ao mesmo tempo em que lhes abrem as portas para novas formas de inserção na sociedade não indígena brasileira – criando possibilidades de competição no mercado de trabalho – com ênfase em uma cidadania que realmente respeite e integre as alteridades, as diferenças, as minorias, o outro. Nesse sentido é importante debater a educação formal enquanto possibilidade de promoção da cidadania e autonomia dos povos indígenas, discutindo o importante papel dos professores enquanto agentes de uma educação intercultural.



PÚBLICO ALVO
Licenciados da rede pública e particular de ensino, bacharéis de história, Direito, Letras e Artes e áreas afins; graduados de qualquer curso que tenham interesse na temática indígena; professores indígenas e lideranças indígenas.

CARGA HORÁRIA
420h, sendo 360 para as disciplinas presenciais e 60 para a construção da monografia.

PERÍODO
Próxima turma março de 2015 a março de 2016.

LOCALIDADE
Belém/Pará.

ENDEREÇO
Av. Gentil Bittencourt, 1144, bairro Nazaré. Entre Av. Generalíssimo Deorodo e Trav. 14 de abril. Fones: (91) 3266-3110/3266-5040/3266-9471/3223-1506

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